Evocação ao fim dos bordéis literários

o livro em Portugal prostitui-se iii
mas se antigamente o que falhava era supostamente uma boa educação para a leitura, gerada principalmente pelo enorme analfabetismo (e não só), o facto é que o livro não se prostituía, porque nada se sabia acerca de sexo. A prostituição literária não se deve à época de abundância, mas sim à falsa sensação de abundância, quando o que na verdade impera é a "falta", o "enganar a fome" de ler. A prostituição do livro é coisa de agora, e as verdadeira causas começaram a ter outros contornos recentemente, adquirindo uma face ainda mais economicista é claro, refiro-me, essencialmente, aos grandes grupos que apareceram para piorar todo o cenário literário português. De facto, quando foram "compradas" todas as principais editoras e colocadas, depois, no mesmo saco de estratégia editorial, tomadas por uma espécie de assalto consentido (veja-se o caso do Leya), Portugal nada veio a ganhar, pelo contrário, tudo veio a perder, e apercebeu-se, pela primeira vez, que o país estava esvaziado de literatura e, até mesmo, de livros, coisa pouco provável na época da abundância. Na verdade, o que há agora são bordéis literários e autênticos - desculpem o termo, mas o meu amigo leitor com certeza compreenderá - "chulos" a viverem à custa desses bordéis, e quando uma prostituta deixa de dar é, de seguida, substituída por outra.
Afinal, nos dias de hoje, não se lê mais do que antigamente, lê-se é apenas mais do mesmo, e isso é a pior ilusão que se pode gerar na leitura: o de parecer que se está a ler, quando na verdade tudo continua cheio de fome.
Não, não se deixem levar pelas aparências e parem, de uma vez por todas, de ir às "putas" minha gente
(quarta-feira, não perca a 4º e última parte deste texto)

Comentários

Teresa disse…
Curiosa visão! é mesmo assim, acho que o que importa hoje em dia são os números. A literatura para segundo plamo, o importante é a venda de livros.

Pela banalização da escrita e consequênte publicação, aqueles LIVROS passam muitas vezes despercebidos da maioria das pessoas.

Assustadoramente, os números de analfabetismo são grandes, não tanto no juntar as letras mas no seu significado.
Unknown disse…
Justamente por isso espero alimentar-me correctamente com a publicação do teu novo livro.

Leonor Gomes
Prof. Carlos Vaz disse…
obrigado Catarina, amo-te...

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