pó de piano

foto de autor desconhecido
na oxidação das horas brancas
solidifica-se o enfiamento dos dias
como linhas que sustentam no ar
os corpos húmidos das coisas que em sonhos tomam poses de voo

movidos pelo egoísmo
os fantasmas cristalizam-se, descendo dos tectos,
sentando-se em cima dos móveis
para que os corpos obtenham o peso consumível das coisas

coberto pelo lençol
o líquido enviusado desaparece
e a nascente dos sonhos com que alimentávamos o passado
toma o sentido correcto das coisas
ao transformar-se na película de pó, no último piano
em que nos deitarmos
poema de Carlos Vaz

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