Criaturas da Noite, de Lázaro Covadlo
o facto de uma pulga, "uma das criaturas da noite", como os morcegos, e as próprias pessoas que se resguardam do dia, se alojar no ouvido das personagens com alguma ascensão social, mais precisamente entre o tímpano e a Trompa de Eustáquio, dando conselhos, sugestões e tomando até importantes decisões de conduta dita imoral, leva o leitor a associar que de facto poderia haver um desses bichos dentro do ouvido dos que são detentores do poder. Na verdade, Dionísio, portador da pulga, não o diz directamente, mas a uma dada altura deixa essa mesma possibilidade em aberto.
A criatura da noite não é uma pulga vulgar, ela funciona como uma espécie de voz da razão, alojada no ouvido, mas que em troca dos seus conselhos pede um preço bem alto para a ascensão dos que com ela partilham o corpo. De facto dá-se uma importante simbiose através da picadela que provoca o desmaio, entre o maldito bicho sugador de secreções humanas, e o corpo que a transporta. A pulga vê, ouve e interage no mundo através de Dionísio. Mas se a simbiose do corpo é quase perfeita o mesmo não acontece com a mente, uma vez que há uma constante luta de vozes interiores, uma luta entre o monstro pré-histórico e o indivíduo cheio de falhas que o transporta. No final, toda a obra trata sobretudo de um “conto-moral-sem-lição-de-moral”
A criatura da noite não é uma pulga vulgar, ela funciona como uma espécie de voz da razão, alojada no ouvido, mas que em troca dos seus conselhos pede um preço bem alto para a ascensão dos que com ela partilham o corpo. De facto dá-se uma importante simbiose através da picadela que provoca o desmaio, entre o maldito bicho sugador de secreções humanas, e o corpo que a transporta. A pulga vê, ouve e interage no mundo através de Dionísio. Mas se a simbiose do corpo é quase perfeita o mesmo não acontece com a mente, uma vez que há uma constante luta de vozes interiores, uma luta entre o monstro pré-histórico e o indivíduo cheio de falhas que o transporta. No final, toda a obra trata sobretudo de um “conto-moral-sem-lição-de-moral”
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