Notas de um leitor desnorteado ii

tumba de Eleanor de Aquitaine
digo-vos "Enganar a Leitura" porque, na verdade, a grande parte das livrarias não passa de mero engodo.
Guy Debord, diversas vezes aqui citado, fala-nos que nesta era da abundância estamos na verdade a "Enganar a Fome": «Com os mais recentes progressos da tecnologia, a totalidade da alimentação consumida na sociedade moderna acaba por não servir senão para enganar a fome», o autor vai mais longe, argumentando o motivo de existir uma poluição na alimentação, uma vez que comemos pão que não sabe a pão, maçãs que já não sabem a maçãs, etc.
Ora, tomei de Guy Debord esta ideia para explicar aquilo que se passa na grande parte das livrarias portuguesas, principalmente as dos grandes centros comerciais. De facto nelas abundam as tais capas que denominei algures de benettónicas: romance que não sabe a romance, ficção que não sabe a ficção, etc, a leitura plástica veio por simpatia com a comida plástica. Hoje em dia, as grandes livrarias viraram restaurantes da leitura, espécie de MacDonalds com menus previamente desejados por rankings hipnóticos de venda. Neste lugares, os livros não sabem a nada, ou melhor, sabem, todos eles ao mesmo

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