As novas tendências do herói literário
hoje em dia, a ideia de herói literário está cada vez mais descabida. Na verdade, e infelizmente, já ninguém se revê mais no herói colectivo, o herói épico, de tempos bem idos, cujas façanhas ficaram na história colectiva da humanidade. Por sua vez o herói romântico, que inspirou tantas declamações de amor, e o anti-herói que nos angustiava e perturbava a alma, também se perderam numa tendência de felicidade e apatia generalizada.
Certo é que, nos livros de hoje, há já muito que estes heróis acabaram. Agora o herói literário é também ele, como tudo o resto, o herói pop. O herói pop é uma mescla superficial de todos os anteriores, só que em vez dos actos heróicos de tuba canora e belicosa, apenas lhes toma a superficial título do gesto, assim, e de um modo geral, nos livros que por aí andam, o novo herói gosta sobretudo de destruir, apesar de nele não se reverem os feitos históricos de um Ulisses e nunca percebermos por que razão luta, na verdade apenas sabemos que, seja qual for o livro, geralmente encontra-se caracterizado por uma previsível dualidade entre o "Bem" e o "Bonito", contra o "Mal" e o "Feio", nada de viagem, nada de tragédia, nada de épico... ficamos somente por aí.
Em vez de espada e escudo, o herói pop voa e tem dentes, saem-lhe coisas pelas mãos, faz muitas explosões e barulho. Como nunca percebemos com que ideal luta, apenas intuímos a vingança ou o desespero individual pela sobrevivência num mundo apocalíptico, face aos não vivos, a um vírus, ou uma invasão qualquer, por isso as suas façanhas não estão gravadas em vasos nem em paredes, mas antes em "posters" ou revistas espalhadas nos quartos de adolescentes jovens e velhos.
Numa época onde tudo se vende e compra, o colectivo não se espelha nas revistas, apenas na olaria enfadonha e em cacos dos museus (cont.)
Em vez de espada e escudo, o herói pop voa e tem dentes, saem-lhe coisas pelas mãos, faz muitas explosões e barulho. Como nunca percebemos com que ideal luta, apenas intuímos a vingança ou o desespero individual pela sobrevivência num mundo apocalíptico, face aos não vivos, a um vírus, ou uma invasão qualquer, por isso as suas façanhas não estão gravadas em vasos nem em paredes, mas antes em "posters" ou revistas espalhadas nos quartos de adolescentes jovens e velhos.
Numa época onde tudo se vende e compra, o colectivo não se espelha nas revistas, apenas na olaria enfadonha e em cacos dos museus (cont.)