A escrita com história de João Aguiar
nos últimos tempos, seguia de perto o estado de saúde de João Aguiar. Apesar de nunca o ter conhecido pessoalmente, alguns amigos em comum faziam-me chegar notícias, infelizmente, cada vez menos animadoras.
Ontem fiquei a saber da sua partida por um jornal nacional online, uma coisa fugaz sem grande destaque... talvez se fosse estrangeiro lhe dedicassem mais páginas, em Portugal é assim... foi sempre assim. Dele li apenas algumas obras, porque admito que a narrativa histórica não faz bem o meu agrado. Confesso que me aborrecem facilmente as histórias de reis e rainhas ficcionadas, contudo João Aguiar não ninhava apenas obras da dita narrativa histórica, as suas personagens eram demasiado literárias, no bom sentido, devido sobretudo à similitude com as de autores que sei que ele admirava. O gozo na leitura da sua escrita estava, a meu ver, todo aí, na busca do trabalho e do fio com que o autor sabia cozer as histórias com as suas leituras e os seus mestres.
Sinceramente tenho pena que seja necessária a sua morte, para ver de novo a sua obra editada pelas ditas fabulosas editoras necrófilas que empestam o nosso mercado livresco