o rosto amarelo
nasci sem rosto voltado para mim
sou o que apenas vejo que sou e nada mais
se perdesse o reflexo
morreria apenas com o gesto das mãos
ao descrever aquilo que o rosto tem de rosto
escrito pelos trejeitos absortos que afogam a memória
não tenho rosto
apenas sou, e nada mais
poalha de luz amarela do tempo anti-reflexo, anti-gesto, anti-sou o que sou, escrito na combustão do breve pavio que sustém os funâmbulos sobre mim
sou o que apenas vejo que sou e nada mais
se perdesse o reflexo
morreria apenas com o gesto das mãos
ao descrever aquilo que o rosto tem de rosto
escrito pelos trejeitos absortos que afogam a memória
não tenho rosto
apenas sou, e nada mais
poalha de luz amarela do tempo anti-reflexo, anti-gesto, anti-sou o que sou, escrito na combustão do breve pavio que sustém os funâmbulos sobre mim
sou o que vejo e nada mais
uma espécie de corpo amarelo, voltado para o âmago das coisas
a divagar pelas superfícies que tomam a imagem do que não sou, como sua
do que sinto e vejo, chega a figuração do rosto como empréstimo
mas não é o meu, é sempre o de um outro
o meu é o amarelo do pavio que chega ao fim
Carlos Vaz
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