o prisma de Isaac

a partir dali, o prisma de Isaac segredou as cores que habitavam
na profunda claridade do mundo
e estendeu-as como tapetes, para lá dos corredores que atravessam o cristal
hoje a humanidade volta-se para a boca do túnel
e deixa por fim as sombras, com que dialogava sozinha nas paredes,
no circo das cores onde se deleita agora a visão
vive uma espécie única de funâmbulos num continuo exercício de ballet
sobre estranhos precipícios construídos sobre estranhas marionetas de vazio
a luz que perpassa o caminho da gruta volteia nas sombras pintadas
e no corpo vidrino dos seres rompem-se as feridas da íris
ao se curvarem em arco ante a gravidade do pote
enterrado longe da luz, e bem no fim dos sonhos

Carlos Vaz

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