o poeta que amava uma árvore


cheira a erva cortada
dizias tu
e as ervas degolavam-se
para o teu odor

cheira a terra molhada
dizias
e aguavam fontes nos dedos
como por magia

vinham do sul as aves que te enamoravam
e para o norte o vento viajava de coração partido

só restavam as flores que silenciosas te contemplavam

o poeta não era como o vento
nem como as aves
mas, todos os dias, ficava por entre as flores
com um poema que começava assim:

para a árvore do jardim

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