peixeirada na literatura portuguesa


não devo generalizar, eu sei, mas de um modo geral alguns escritores portugueses são como as peixeiras, se não vejamos, há já algum tempo saiu um livro que não precisa de mais publicidade, por já estar tão gasto pela lenga-lenga literária. A obra em causa retratava, de forma implicitamente jocosa, a escrita de Margarida R. Pinto. Na verdade, detesto todo o cor-de-rosa que rodeiam as obras da autora e, num impulso quase emotivo, enviei para o autor da “obra crítica” um pequeno e-mail a felicitá-lo pela iniciativa contra o light, ao qual simpaticamente o autor respondeu (aqui lhe agradeço). Na altura ainda não conhecia a obra de João Pedro George (eis o nome do autor). Mas a experiência - quase de um outro mundo - que tive com um outro livro do autor afastou-me de imediato daquele caminho.
Veio às minhas mãos uma obra de JPG com uma capa horrível, “Não é Fácil Dizer Bem”, e que foi, para mim, uma grande desilusão, pois o autor nivelava por uma crítica circunstancial e bacoca as obras de escritores da linhagem de leitura contemporânea… demonstrando, por “A+B”, que todos somos, afinal, umas “Margaridas camufladas”. No meio de tanta porcaria lusitana, só praticamente um escritor português se destacava pela positiva, o Luiz Pacheco, basta investigar um pouco JPG para descobrir a razão…
por causa destas obras, logo se instaurou uma guerra de quem é quem, de quem é contra quem, tribunal, zangas, cartas, blogs, temas e temas, berros e berros e por entre tanto ruído, os leitores tentavam escutar a venda do peixe na praça: o meu peixe é melhor do que o teu, o teu peixe não presta, não se percebe bem que espécie de pescado é, pois foi tirado das águas do hipertexto; o daquele autor tem um paladar estranho, pois é apanhado nos mares do surrealismo; o daquele está muito saboroso, foi pescado nas águas do naturalismo. Mas o meu, o meu peixe, esse sim é o melhor, ganha cor nas águas do realismo, as pessoas gostam, recomenda-se, faz bem à saude.
A “classe”, por vezes sem classe, dos escritores lusofonos transformou-se numa luta constante pela sardinha… por isso ser-se escritor em Portugal é uma outra forma de ser também uma peixeira

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