cartas de luz

há um brilho no charco da rua
por onde o sol envia cartas de luz

dele aproximam-se os animais
para beber líquidas palavras de brilho

no temor reflectido pelo espelho
fica o humano, com a mão aberta frente ao clarão
para apagar o rasto da caligrafia que magoa

toca-lhe suavemente a doçura de um lume de luz
passando por entre os dedos como distante poeira de estrelas

no revés da palma com que tapa o charco
desenha-se uma linha de texto que pede para ser lida:
incinera a vista e terás o sol

Carlos Vaz

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