o traço__________________

imperdível, assim classifico a exposição dos "traços" de Gego, no Museu de Arte Contemporânea, Serralves. Sinto-me fascinado pela profundidade do traço como dimensão do próprio corpo no vazio, bem como a sombra causada nas formas que se riscam no ar, suspensas por uma espécie de fios invisíveis. O espaço como um traço é a filosofia da arte de Gego. Andar pela sala, onde a exposição de fios está patente, apela ao interlocutor para uma observação incerta, conforme os ângulos e movimentos de profundidade que nos interpelam para um jogo tridimensional de textura do próprio corpo da arte. Formas geometricamente traçadas dão ao observador um outro modo de ver e estar na própria arte. De realçar, os "aramados" contornos que se tocam em pontos, de onde partem caminhos geradores de novos traços, onde, por vezes, as sombras obtêm densas tonalidades, geradas pela aglomeração de materiais em linhas, etc.
De todas as que vi este ano, esta foi a exposição que criou um maior incomodo ao fascinio do corpo como um esqueleto de vazio, na própria matéria.
Sobre Gego, segundo li:
é uma artista venezuelana de origem alemã, que explorou os problemas da escultura a partir da intersecção do desenho com o espaço. O seu trabalho começou por revelar a influência do Construtivismo e da Bauhaus, cujas referências são aprofundadas depois de ter conhecido artistas como Naum Gabo e Joseph e Annie Albers, em Nova Iorque, em 1960. Mais tarde, o uso de materiais pobres na sua escultura resultou em séries como Dibujos sin papel, Bichos e Tejeduras que surgem como exemplos de uma combinação original da matriz da abstracção clássica com os problemas da redefinição do objecto de arte que eram característicos das práticas estéticas dos anos 60 e 70. As esculturas de fio e arame de Gego definem um movimento contínuo: os elementos numa composição assumem-se como imateriais. O movimento é assumido como infinito e a sua continuidade é sugerida pelo uso repetitivo de elementos geométricos em estruturas não-hierárquicas.Esta exposição, comissariada por Monica Amor, será a primeira mostra antológica de grande escala da obra de Gego na Europa, decorrendo negociações para a sua possível apresentação em vários museus europeus. A sua apresentação no MACBA de Barcelona já está assegurada.
Simplesmente, único e imperdível

Comentários

Inês Rosa disse…
Serralves é daqueles sítios onde eu gostava de poder estar com um estalar de dedos :)

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