© Carlos Vaz: Livraria Centésima Página
a livraria 100ª página abriu há coisa de 9 anos - mesmo em frente à Faculdade de Filosofia de Braga – e tornou-se, a meu ver, no maior espaço de partilha de bons momentos de literatura e não só. Há poucos meses da sua abertura, organizei um encontro de leitores que visava comemorar os 100 anos do nascimento de Vitorino Nemésio, para tal convidei o poeta Mário Garcia, a meu ver, o maior especialista nacional nos textos de Vitorino Nemésio, e o músico Francisco Presa que musicou alguns dos poemas de Vitorino, nomeadamente o poema Búzio Velho, que ainda tem o hábito de cantar em público. Nessa noite, a livraria encontrava-se cheia e as pessoas sentavam-se como podiam, um pouco por todo o espaço incansável dos livros. Enquanto isso eram servidos chás e biscoitos e o tilintar das chávenas davam piada e acalmavam o ruído de fundo à leitura dos poemas. Assim nasceu a amizade pelos responsáveis do espaço de amor ao livro: Maria João, Sofia, Helena e o Carlos. De lá para cá já apresentei três das minhas obras, sempre com o mesmo público, com as mesmas chávenas musicais e o amor aos livros. Para além disso, a centésima tem-se envolvido comigo, por razões de afecto, nalgumas Feiras do Livro de Vila Praia de Âncora. Deste modo estreitou-se assim um lugar de cumplicidade entre o autor e a livraria. Por razões de distância, já há algum tempo que não ia visitar os meus amigos da 100ª página, por isso neste sábado resolvi fazer-lhes uma visita. É bom ao fim de algum tempo voltar aos locais onde estão os amigos (como no bar Cheers, lembram-se?). As afinidades literárias encurtam a distância e o tempo, por isso a sensação de os voltar a ver foi como se ainda há dias ali tivesse estado. Sem desfazer o anterior, o novo espaço é de um gosto próprio de quem ama os livros, por isso apelidei as livrarias que como a 100ª página amam os livros como espaços de amor aos livros. As obras são-no de grande qualidade, a literatura light tem um lugar pouco destacado, os autores, os verdadeiros autores, têm o seu lugar notório de respeito pela obra, encontram-se livros raros e inexistentes na maior parte das livrarias. Na verdade, as livrarias modernas, de um modo geral, arrecadam os livros como caixões para cemitérios literários… existem a meu ver dois tipos de livrarias… mas isso já é tema para um outro texto
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