a obra de César Taibo
tenho seguido de perto os trabalhos de César Taíbo. Os seus temas descrevem figuras esfíngicas, corpos cujo rosto nos apelam para um encontro de sombras estranhas provindas do espaço monstruoso que coabita com o nosso quotidiano. Na verdade, nas suas pinturas, o corpo adquire novos gestos sombrios, bem como novas possibilidades de se ser um corpo. O humano das suas imagens, se na realidade existir algum, confunde-se com as labirínticas construções urbanas e dele saem mãos pela boca e olhos e trazem textos escritos como membros de um espaço “monstruado” pelo quotidiano. Crio aqui o verbo “monstruar”, para melhor retratar aquilo que perscruto nas pinturas de César, pois nelas tudo que é tocado se torna, na realidade, um monstro que parece capaz de rasgar a sombra para nos dar a luz, e é na luz que se gera o encontro da visão com os rostos, as bocas, os olhos, o corpo. E digo assim “monstruado”, porque vejo nessas aparições de luz uma acção capaz de metamorfosear tudo em outros moldes disformes de existir.
Mas a arte de César Taíbo não fica pela pintura, o autor já participou em obras de culto literário, onde facilmente podemos contactar a experiência com a imagem destorcida e o corpo sombrio das suas figuras (como na obra Luares de Kenguelequezê e ainda Lugar dos dias, esta última, uma obra com o escritor Pompeu Miguel Martins).
Recentemente visitei uma exposição do autor (Braga), onde pude visualizar trabalhos em que pela primeira vez encontrei os espaços sombrios só que agora camuflados pelo uso da cor. E estas são algumas das imagens tiradas no local

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