Vieille femme en train de lire (La Mère de l'artiste), 1631
Rembrabdt Harmensz Van Rijn (1606-1669)
Amsterdam, Rijksmuseum

ofereceram-me, recentemente, um recorte do jornal Público de 7 de Janeiro, onde pude ler um excelente texto de Paulo Moura que começa desta forma: é preciso muito cuidado com as pessoas que leram um livro. Que leram apenas um livro. De um modo sucinto, as razões apontadas, para a estranha afirmação, são a dos efeitos colaterais que uma obra pode produzir na mente daqueles cujo exercício de leitura ainda não se encontra devidamente desenvolvido. E os danos são graves, pois essas pessoas fazem lembrar aqueles jovens dos anos 70 que uma vez tomaram um ácido e que nunca mais regressaram à normalidade. Com base no recente estudo sobre a leitura, os portugueses lêem, em média, um livro por ano. Há assim – como em nenhum outro país – o enorme perigo de estarmos sentados ao lado de um destes terroristas fanáticos guiados pela lei de um só livro.
Os meus pais sempre me disseram: desconfia daqueles que lêem sempre pelo mesmo livro - no fundo são uma e a mesma coisa. Não se entenda ler sempre o mesmo livro, como ler um só, pois na verdade podem ser dezenas, mas que não passam de uma cópia do mesmo.
Recentemente, li num dos meus blogs favoritos, extratexto, de Nuno Seabra Lopes, uma referência ao comentário de André Schiffrin, editor franco-americano. Segundo este espaço: (André Schiffrin) oferece-nos novamente um magnífico texto sobre as alterações que as políticas de best seller começam a ter na globalidade do mercado editorial e, em particular neste texto, na relação com os agentes literários.
A meu ver, os best seller são potenciais criadores de leitores de um só livro, basta ver o exemplo de Dan Brown e as produções que em redor da mesma obra já foram feitas. Dezenas, eu diria mesmo, às centenas, mas no fundo são todos o mesmo livro, todos o remoer num só tema. Penso que Paulo Moura, implicitamente, fala-nos disto, quando se refere aos leitores de um só livro e, segundo o mesmo, estes são capazes de trair, de mentir, de renunciar a tudo, por um livro. Homens capazes de matar, só porque, um dia, leram um livro

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