Hudlu, "a mão que escreve"
errare humanum est

geralmente escrevo os textos directamente para o blog, por isso, muitas vezes edito, leio, refaço e volto a editar, os mesmos textos, vezes sem conta, já que constantemente encontro gralhas dignas de escandalizar qualquer cientista da língua. Talvez os leitores desconheçam, mas nós, os supostos escritores, damos erros, erros graves e incomensuráveis, erros de ortografia e até mesmo de composição frásica. Não, meus senhores, não são erros de edição, como alguns possam tentar fazer crer, nada disso, são mesmo erros de ortografia que nos remetem para a primária. Por isso, a prática corrente de um autor é pedir sempre a outrem a leitura dos seus textos, para encontrar o erro que lá está, cheio de graça plena, mas que nós não conseguimos ver por o já termos aceite, no seu in/correcto espaço. Como nos diz a expressão latina errare humanum est (quem não erra não é humano). Há quem queira fazer-nos crer, recorrendo a instrumentos de caça ao erro, que de facto não faz parte da humanidade.
Recentemente, enquanto relia os textos de
um escritor amigo, encontrei, como seria evidente, alguns erros dignos do seu escândalo. Ciente da exigência literária e da procura de perfeição deste escritor de grande qualidade, enviei-lhe o texto do autor Jorge Listopad sobre as gralhas:

LOUVOR DAS GRALHAS TIPOGRÁFICAS

Gralhas, louvo-vos. Vocês são a liberdade através da necessidade. O absurdo dentro do rigor. A imaginação natural fora da lei.
Gralhas, o desequilibrar das palavras instituídas, a incerteza da sintaxe. O estabelecimento de curto-circuito, maléfico, benéfico, jogo de dados. O mudar da convenção, o oscilar da superfície do verbo.
Gralhas, como a neve que cai no verão por engano. A poesia nos jornais.

(…)
In Jorge Listopad, Fruta Tocada por Falta de Jardineiro

contudo realço o louvor dos escritores pelo constante exercício de auto correcção, por procurarem os seus erros, e fazerem, por isso, jus ao resto da expressão latina:
errare humanum est, perseverare autem diabolicum (errar é humano, mas preservar no erro é diabólico)




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