que prazer é ter um livro para ler

na semana passada, foi levado acabo o Plano Nacional de Leitura. Se não me engano, em todo o distrito de Viana do Castelo, apenas uma escola foi contemplada com este plano, a escola Ancorensis.
Sou dos que pensam que a leitura não se ensina, mas contagia-se, e o plano discutível ou não, na verdade teve alguns efeitos. Contudo um plano nacional, que se resume apenas a uma semana de actividades relacionadas com a leitura, faz do seu próprio objecto uma festividade anual que logo de seguida perde a sua força e cai no esquecimento, por isso na escola Ancorensis, já há alguns anos que foi decidido implementar um plano interno de leitura anual que envolve o trabalho de todo o grupo de Língua Portuguesa e Centro de Recursos.
Em todas as aulas de L.P. são dedicados alguns minutos iniciais à partilha da leitura, devidamente sumariados
. Para além disso, os alunos têm de fazer fichas de leitura sobre as obras lidas, fichas que são depois expostas para que todos possam ver. Segundo alguns encarregados, esta medida já teve efeitos, tendo os mesmos verificado que os filhos andam a ler mais.
Recentemente foi elaborado um pequeno inquérito, sobre o efeito deste plano interno de leitura, aos alunos do terceiro ciclo. Para além de muitos dados curiosos, que estou disposto a partilhar com quem estiver interessado, realço os seguintes: cerca de 50% dos alunos inquiridos revelaram que começaram a ler mais, após o plano interno ter sido implementado; 40% confessaram, ainda, que nunca tinham quaisquer hábitos de leitura antes deste plano interno. Um outro dado ainda de salientar é o enorme número de jovens, cerca de 40% dos alunos inquiridos, que apontaram como necessária a partilha de leitura entre professores e alunos dentro e fora de aula. Penso que mais do que qualquer plano, cabe aos professores a vontade de ajudar a mudar a falta de hábitos de leitura, mas a verdade é que também muitos dos que leccionam não lêem nada do que está para lá de um programa

Comentários

Anónimo disse…
a tarefa dos professores, mesmo para aqueles que lêem o que está no programa, é cada vez mais díficil... com todas as distracções, a resposta está cada vez mais na família.
Prof. Carlos Vaz disse…
de facto a família tem o papel importante. Deveria ser ela a verdadeira protagonista da educação dos filhos (também penso assim), no entanto quando a família, como é o caso português, não tem os instrumentos, hábitos nem a conduta necessária para educar para a leitura (e não só), deverão ser os professores, na escola, a criar esses mesmos mecanismos através do exemplo e do carinho pela leitura. O programa é, a meu ver, o principal assassino do prazer de ler.
Sou professor, e a verdade é que vejo muitos dos que dão aulas a detestarem (por vezes até odiarem) os livros...
os alunos estão atentos e apreendem a mesma conduta
Anónimo disse…
entendo o que diz, de facto, eu que hoje tenho uma enorme paixão pelos livros, nos meus tempos de ensino secundário mostrava muito pouca vontade em ler o que o programa exigia. mais tarde, muito mais tarde, reli esses mesmos livros, ah, tantas revelações!

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