terminei, nesta Páscoa, Imagens Sem Disciplina de Carlos Vidal. É, de facto, uma daquelas raras obras que nos faz crescer em cada página.
Adquiri este livro na Livraria Pára e Lê, um espaço único, onde ainda se podem encontrar excelentes obras da editora Vendaval. Este em particular chamou-me a atenção pelos trabalhos de verdadeira analise e, diria até mesmo, de uma verdadeira divagação textual, no melhor sentido do termo.

Pecado, Expiação e Redenção, sobre a obra de Helena Almeida, que tanto tem influenciado a minha forma de estar na escrita, é nos dada por Carlos Vidal através de contextos literários que aportam na filosofia da artista. Séries como a Tela Habitada ou Desenho Habitado, etc., onde é originado o encontro com a figura “Vêmo-la sem vermos os seus olhos olhando-nos”, capaz de fixarem o olhar do espectador num “exercício arquiológico". Mas neste trabalho não ficamos apenas por H.A., encontramos também nomes como: Francis Bacon; Daniel Costa com o óptimo trabalho Experimentar o Invisível; Ângelo de Sousa com As Formas da Estrutura, etc.

A excelência destes estudos primam pelo exercício constante da literatura como recurso de explicação de um sentido que de uma outra forma perderia o interesse pela sua linguagem técnica. Em vez de explicação, que cabe a quem observa, ficam-nos as imagens sem disciplina, num sucessivo jogo entre pintura, fotografia, escultura, literatura, etc. Desta última, destacaria, sobretudo as abordagens com Guy Debord; Júlia Kristeva; Giorgio Agamben, e em especial Maria Gabriela Llansol (no caso de Daniel Costa)

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