este fim-de-semana, no Museu de Serralves, deparei com um amplo espaço maravilhosamente estudado e preenchido pelas cores, átomos e ovos de KATHARINA GROSSE, artista nascida em 1961, em Freiburg/Breisgau, a trabalhar actualmente em Dusseldorf e Berlin (como professora - Kunsthochschule Berlin-Weissensee). O trabalho intitulado de ATOMS OUTSIDE EGGS baseia-se, expressamente, em corpos esféricos e ovais, cujas colorações tomam contornos ambíguos que se alargam para além do próprio espaço, espalhando-se pelo solo em que se assentam. De facto, no espaço inicial do museu, tudo se encontra imbuído de um jogo, embora incerto, de vários azuis, amarelos, laranjas e verdes. Por entre a incerteza das cores, cada visitante procurará obter percepções, interagindo com a própria informação, tornando-se, ele próprio, num agente activo, ao andar pelos caminhos sinuosos que apelam a circular, possibilitando ao espaço obter novas formas incertas. Numa entrevista, em Setembro de 2004, entre Katharina Grosse e Lynn M. Herbert (Katharina Grosse, organized by Lynn M.Herbert, Senior Curator for the Contemporary Arts Museum Houston.), a artista evidenciou a necessidade de procurar na interacção com a sua obra, algo cujo resultado fosse imediato, e que a visibilidade da mesma fosse obtida sem qualquer obstáculo. Deste modo, a sua obra pintada em acrílico é obtida em movimentos de tempo e espaço sobre pequenos formatos, de modo a conseguir este resultado final. Se numa primeira fase a pintura é baseada no simples impulso, conforme o trabalho vai crescendo, ganha uma maior complexidade, adquirindo, desta forma, uma maior visibilidade em termos de espaço e tempo. Assim se consegue obter diferentes tipos de informações que interagem com o visitante. Os coloridos da superfície da sala não são previamente planeados, mas antes decididos através dos jogos com a luz das janelas de Serralves, neste caso. Há momentos em que se torna necessário recorrer a pintura da parede para que a obra se estenda para lá do próprio espaço físico, por isso são pintadas e até alteradas, com diferentes texturas, as superfícies das mesmas, abrindo novos caminhos na própria arquitectura.
Na sua obra é estabelecida, logo à partida, uma relação entre o chão e a parede, onde são integrados pinturas e objectos. Como vimos, a forma como sentimos a pintura está intimamente ligada a forma como andamos ao longo da mesma. Aliás os jogos das incertezas são gerados conforme nos deslocamos. Quando olhamos para trás, para o ponto onde ainda há minutos nos encontrávamos, ele já lá não se encontra da mesma forma, nem da mesma cor, e por isso a informação gera uma experiência individualizada de estar com a arte. Todos os movimentos possíveis proporcionam novas experiências ao visitante, por isso cada forma de ver a exposição é única, não há uma forma assente para observar o objecto. A superfície colorida da exposição é, substancialmente, uma superfície policromática aos olhos do visitante, por nela serem sempre possíveis o encontro com a ambiguidade da cor, textura, espaço e movimento
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