A MELANCÓLICA "COKETOWN" LUSITANA
as cidades portuguesas vivem, cada vez mais, embrenhadas numa melancólica Coketown lusitana. No livro Utopias, cuja leitura terminei recentemente, Lewis Mumford aborda meticulosamente as características destas cidades, segundo o mesmo, Charles Dickens, em Tempos Difíceis , descreve a Coketown como a cidade exemplo da era industrial. Aqui, o centro de toda a actividade é a fábrica que se tornou na única referência social, parecendo tudo se desenvolver em torno dela. Uma cidade assim não respeita os espaços verdes em prol das construções, evidenciando, por isso um grande desprezo pela natureza. Nela, o único entretenimento é participar na criação mecânica, não só na produção industrial, mas sobretudo na articulação e aquisição de objectos. Ora na cidade de Coketown limitam-se os vencimentos da classe trabalhadora “à margem de subsistência, para assim os manter ocupados com a produção”.
O objectivo industrial e comercial desta cidade é, naturalmente, o aumento da produção, assim: Coketown produz louça para partir, vestuário para gastar e casas para demolir (…) o estatuto de cada família pode ser avaliado pelo volume do seu monte de lixo (…) - assim - o consumo não é, portanto, uma mera necessidade, é um dever social
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