A COISA CRÓNICA
a obesidade do estado, no que concerne à aplicabilidade dos impostos, é deveras curiosa. Vejamos o exemplo do TGV, um colossal investimento, justificado pela velocidade do globalismo e o progresso da nossa economia. Pois bem, o rico comboinho é actualmente um brinquedo do infantil esbanjamento poder usufruir do prazer do jogo financeiro. No que concerne a obras públicas, para quem vive a realidade das estradas esburacadas da província, estas obras colossais parecem tender quase sempre para os dois grandes centros do nosso país, residindo o investimento público num espaço limitado a uma realidade distante do resto do território.
Na minha terra basta virar a uma esquina e já não se tem rede telefónica ou a televisão e a rádio já não têm recepção (é engraçado o facto dos que vivem nos grandes centros acharem piada a este vernáculo…)
Não fugindo há ideia inicial do "comboio", no Alto-Minho, onde resido, há uma linha de comboio que rasga as terras de norte a sul, linha que serve as comunidades que sofrem de um atraso económico preocupante, e que é a única alternativa de transportes, juntamente com os autocarros esverdeados que por aqui andam, que parecem ainda pertencer à Segunda Guerra Mundial. A linha que serve a população entre Viana e Valença, nunca sofreu um investimento de remodelação digno de se realçar. Por aqui só passam carruagem velhas que deixaram de andar por Lisboa e Porto há já muitas décadas. As estações fecharam, e até se fala em fechar também a ligação da linha (o que é o mais certo) e o pouco que nela foi investido de nada trouxe ao servido prestado. Como se não bastasse, para justificar, a meu ver, o futuro fecho da mesma, alegando prejuízo junto à opinião pública, as estações não vendem bilhetes e parte das vezes (não poucas) nem aparece o revisor durante a viagem, tornando-o num sistema gratuito de transporte. Engane-se quem pensa que a CP está a dar um presentinho…
O veloz TGV entre as cidades de Vigo, Porto e Lisboa não presta, porque não fornece serviço à maior parte da comunidade. A colossal construção da linha do TGV, cujo preço do bilhete igualará, com certeza, o dos voos de avião, é para mim um esbanjamento desnecessário, quem vai para longe, demorará certamente duas horas, quem anda por perto, fora dos grandes centros, demora já o mesmo para os poucos quilómetros que queira fazer. Estamos a pagar bem caro o brinquedo que a "criança financeira" tem no chão da sua sala, com apenas meia dúzia de estações.
O resto do país não entra na brincadeira, embora patrocine, de igual forma, a obesidade do Estado. O Portugal a duas velocidades, o do TGV veloz e o do “pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra... TU U UUUU”
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