DAR NOTÍCIAS COMO QUEM DÁ UM PONTAPÉ NOS TOMATES
não gosto de televisão, acho-o um aparelho inestético, um quadrado puramente desnecessário e descabido. Como se não bastasse, cada vez mais tenho essa certeza, a ver pela fabulosa qualidade de programas que por ela passam, entre bailaricos festivos de fim de semana, que de tanto Tango já parecem mais Tanga, e cantares que nos desafiam os frágeis ouvidos. Normalmente tenho a televisão desligada, contudo constantemente estou a ser atropelado e interpelado pela mesma, quer em cafés, restaurantes, etc.
Proponho-vos aqui uma experiência interessante: quem, como eu, se distanciar dos programas e dos noticiários televisivos e a eles um dia volta por curiosidade, encontrará sempre uma desagradável surpresa de como tudo está pior.
Há alguns anos vi um excelente filme que nos conta a história de um cidadão de classe média americano que é acidentalmente congelado, e que só será acordado 500 anos depois. Logo de início, este homem encontra pessoas imbecis, sentadas a verem televisão e a assistirem ao único programa daquela civilização futura: um homem a dar um pontapé nos tomates de outro. Pois bem, na verdade não é necessário avançar 500 anos para verificar que as notícias televisivas têm o dom de nos fazer crer que estamos de facto a ver notícias, quando na verdade nos está constantemente a dar pontapés nas jóias da família. Ainda neste Natal, dei por mim, num café da vila, a assistir a um desses pontapés noticiosos. Um jornalista entusiasta deu a seguinte notícia: coincidência incrível, mulher chamada Maria, casada com carpinteiro chamado José, tem um filho chamado Jesus. E passaram de seguida alguns minutos de pontapés nos tomates. E este pontapés são de todos os géneros: os do caso Esmeralda, os da neve, os do TGV, os do Apito Dourado, os da Avaliação, etc. Se a notícia perdeu as suas características (o de ser uma novidade, ser de interesse geral, etc.), foi sobretudo para ceder ao voyeurismo e ao vazio que nos parece agradar tanto nos dias de hoje.
É um facto meus amigos, não vejo televisão e aconselho vivamente a quem ainda o faz a usar urgentemente uma coquilha
Há alguns anos vi um excelente filme que nos conta a história de um cidadão de classe média americano que é acidentalmente congelado, e que só será acordado 500 anos depois. Logo de início, este homem encontra pessoas imbecis, sentadas a verem televisão e a assistirem ao único programa daquela civilização futura: um homem a dar um pontapé nos tomates de outro. Pois bem, na verdade não é necessário avançar 500 anos para verificar que as notícias televisivas têm o dom de nos fazer crer que estamos de facto a ver notícias, quando na verdade nos está constantemente a dar pontapés nas jóias da família. Ainda neste Natal, dei por mim, num café da vila, a assistir a um desses pontapés noticiosos. Um jornalista entusiasta deu a seguinte notícia: coincidência incrível, mulher chamada Maria, casada com carpinteiro chamado José, tem um filho chamado Jesus. E passaram de seguida alguns minutos de pontapés nos tomates. E este pontapés são de todos os géneros: os do caso Esmeralda, os da neve, os do TGV, os do Apito Dourado, os da Avaliação, etc. Se a notícia perdeu as suas características (o de ser uma novidade, ser de interesse geral, etc.), foi sobretudo para ceder ao voyeurismo e ao vazio que nos parece agradar tanto nos dias de hoje.
É um facto meus amigos, não vejo televisão e aconselho vivamente a quem ainda o faz a usar urgentemente uma coquilha