Coisas díspares que andam aos pares

há dias andou pelo céu um balão com uma suposta criança presa lá dentro. Pelo que vi, foi activado de imediato um aparato, sem precedentes, em toda aquela zona. O espectáculo estava então todo montado, antes e depois, com directos, debates, e no fim uma sociedade defraudada por um espectáculo que afinal demonstrou tratar-se de um plástico prateado a envolver uma pequena porção de hélio.
Pois bem, aqui em Portugal - a meu ver, nestes últimos dias, um suposto país "talibã" da Europa - quando ainda ninguém teve o tempo necessário para ler, devidamente, o último livro de José Saramago, já um aparato idêntico tinha sido montado. A igreja, os beatos e os puritanos enjoados muniram-se então de binóculos e procuram o perigo no voo de um balão (leia-se: de uma polémica ou perigo) digno de todos os directos e debates na rádio. Os mesmos, sem deixarem sequer pousar o dito "objecto voador identificado", e até mesmo sem darem o devido tempo de digestão necessária ao livro, saíram para a rua com os olhos postos no céu, pois alguém lhes contara que dentro do tal balão ia uma "criança", apesar de ninguém a ter realmente visto (ou ainda lido), ficaram a gritar para o balão que foi descendo, cada vez mais vazio, expelindo apenas, aqui e acolá, algum hélio que pôs todos os envolvidos num alvoroço e a falar comicamente fininho

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