Pedro Foyos, o escritor vegetal
há muito que vos ando para falar de um livro escrito com uma mestria singular.
Jorge de Sena, no conhecido prefácio que fez para a obra "O Velho e o Mar" de Ernest Hemingway, escreveu o seguinte:
"O mar e a sua fauna vivem esplendorosamente nestas páginas (...). Mas vivem sem a mínima poetização panteísta, sem a mínima deliquescência antropomórfica. Vivem. São".
Ora trouxe à baila Jorge de Sena pois, também na obra que vos irei falar, a fauna ganha o estatuto de "Ser", um vagamundo que nos interpela para a despossessão do tempo e do espaço enraizados na própria narrativa, uma vez que no corpo vegetal ambas as formas de interpelarmos o mundo ganham novos compassos inteligíveis. Falo-vos mais uma vez de Pedro Foyos e o seu mais recente livro "Botânica das Lágrimas" (Editorial Hespéria), cuja escrita procura essencialmente convidar o "Ser" da fauna que deseja fazer-se ouvir.
Já em anteriores livros a escrita de Pedro Foyos nos tinha dado a experimentar a leitura da sua narrativa na interpelação com um corpo vegetal, refiro-me é claro ao fantástico livro "Criador de Letras". Ora em ambas as obras, o corpo da personagem obtém novas interpretações do agir, num diálogo transfigurado no próprio espaço narrativo, por onde as interacções humanas avançam na própria história, obtendo assim máscaras dialogantes entre o vegetal e o animal, o homem e a árvore, o urbano e o jardim... cabendo ao diálogo de escrita vegetal que ganha raízes no próprio húmus da leitura, a partilha da experiência do tempo, do saber e da razão. A fauna tem uma palavra importante a dizer, devemos por isso falar com ela... escutar... dialogar e, até, desejar a sua amizade dentro da própria escrita viva.
Jorge de Sena, no conhecido prefácio que fez para a obra "O Velho e o Mar" de Ernest Hemingway, escreveu o seguinte:
"O mar e a sua fauna vivem esplendorosamente nestas páginas (...). Mas vivem sem a mínima poetização panteísta, sem a mínima deliquescência antropomórfica. Vivem. São".
Ora trouxe à baila Jorge de Sena pois, também na obra que vos irei falar, a fauna ganha o estatuto de "Ser", um vagamundo que nos interpela para a despossessão do tempo e do espaço enraizados na própria narrativa, uma vez que no corpo vegetal ambas as formas de interpelarmos o mundo ganham novos compassos inteligíveis. Falo-vos mais uma vez de Pedro Foyos e o seu mais recente livro "Botânica das Lágrimas" (Editorial Hespéria), cuja escrita procura essencialmente convidar o "Ser" da fauna que deseja fazer-se ouvir.
Já em anteriores livros a escrita de Pedro Foyos nos tinha dado a experimentar a leitura da sua narrativa na interpelação com um corpo vegetal, refiro-me é claro ao fantástico livro "Criador de Letras". Ora em ambas as obras, o corpo da personagem obtém novas interpretações do agir, num diálogo transfigurado no próprio espaço narrativo, por onde as interacções humanas avançam na própria história, obtendo assim máscaras dialogantes entre o vegetal e o animal, o homem e a árvore, o urbano e o jardim... cabendo ao diálogo de escrita vegetal que ganha raízes no próprio húmus da leitura, a partilha da experiência do tempo, do saber e da razão. A fauna tem uma palavra importante a dizer, devemos por isso falar com ela... escutar... dialogar e, até, desejar a sua amizade dentro da própria escrita viva.
Pedro Foyos apelida estes seres de "personagens vegetais que interagem com o herói da narrativa", metáfora essa que me fez lembrar "Prunus Triloba" do Jardim de Jodoigne da Maria Gabriela Llansol, espaço onde se dava a transfiguração num outro modo de "Ser" na escrita sempre viva de um livro