A receita política do osso e a abstenção eleitoral

"os nossos políticos começam agora a intuir, mas ainda a não perceber"
sobre as eleições, apenas uma breve reflexão. Parece que os portugueses finalmente se fartaram da política do osso. Os candidatos comportaram-se como autênticos pega-monstros, estonteados com a tremenda patada à democracia com que enchem os discursos parados num tempo, frases que funcionam nos ouvidos como as tapadinhas políticas nas costas, sempre carregadas de promessas, pelas quais o eleitorado está, há muito, farto de esperar.
Os nossos políticos começam agora a intuir, mas ainda a não perceber, que vivem num limbo, onde os eleitores já não se revêem, pelo menos assim nos quiseram indicar: os votos em branco que quadruplicaram e continuaram a crescer; a abstenção que não foi preguiça democrática, como alguns políticos mimados ainda parecem querer não aceitar (e que eu leio antes como um afastamento da seiva babada do discurso político); o doce facto dos candidatos, sem qualquer apoio partidário, terem obtido o maior resultado de sempre (o que demonstra precisamente a esgotada forma de esperar à porta pelo osso político), etc. A democracia doente começa agora a curar-se pela própria fadiga causada, por isso o limbo da gota política parece estar a abeirar-se do fim.
Espero que os portugueses continuem cada vez mais fartos destes estadistas fantasiosos que só nos prometeram, até agora, a troca de um mercantilismo por outro mercantilismo, que a final de contas é o mesmo osso de sempre... essa é a natureza do limbo.
A receita de uma eleição feita à custa do osso abeira-se agora do fim. Perante a falta do osso prometido que nunca mais aparece, não podemos continuar a meter o rabinho entre as pernas, como o cão deste cartoon, por isso os votos em branco devem continuar a crescer e os candidatos sem apoio partidário a aumentar...

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